Crítica | Cinema nacional vibra forte com a existência de “Perlimps”

“Perlimps”, de Alê Abreu (indicado ao Oscar), reforça sem precisar de muito que o cinema e a animação podem andar por todo tipo de estrada

É sublime ver quão longe executar uma história usando a animação pode ser espetacular. Há cada vez mais vozes que precisam proclamar toda essa revolução e fazer com que esse cinema seja visto e levado a sério.

Assistir narrativas dessa forma é não sugerir, mas afirmar que todos envolvidos numa produção assim devem ser categorizadas como valentes devido a todo um rancor desnecessário que permeia esse assunto. Assim sendo, nos damos de cara com resultados esplêndidos e de fazer marejar.

Perlimps, de Alê Abreu, (indicado ao Oscar com “O Menino e o Mundo”), se consagra por aderir em seu cerne toda a alma que criar uma animação precisa concentrar. A obra é basicamente uma constatação de que um filme animado é um ato de revolução — essa questão se duplica se formos encarar como o cinema nacional é visto.

Não que o longa queira ser escutado como um tipo de força que vem para alterar passados e servir como um levante de preceitos, mas o fato de apenas existir e realizar com muita sabedoria o mundo criado para a obra, todo o debate de que animação é sim uma potência parece que vem a tona com leveza.

O universo de “Perlimps” parece um pouco complicado de se condensar ao encontrarmos Bruô e Claé em uma aventura que segue os moldes típicos da jornada do herói, mas se faz diferente no porquê esses dois estão juntos e precisam ir atrás da resolução dos problemas de mundo. O risco aparentemente somos nós, tido como gigantes que querem acabar com a Mãe Natureza.

Mundo, som, história e personagens conversam como nada visto antes no nosso cinema

Tudo ao redor dos fofos protagonistas parece ser colocado numa balança que sempre tende a pesar para dois lados: som e imagem. A trama é sim um forte ponto característico que faz de tudo colocado em tela híper autêntico, mas esses dois fatores fazem do projeto algo completamente inabalável.

Crédito: reprodução (2023)

Usando cores que nem mesmo nos momentos mais escuros deixam de encantar, a técnica 2D é tão bem unificada ao som que o resultado é poético ao ponto de tornar purificante em assistir e santificar que esse é um feito brasileiro — é possível se orgulhar por si só, devido a cada quadro colocado em cena, e por eles serem unicamente nossos.

Os artifícios de “Perlimps” colocados no recipiente, diante de um belo pano de fundo, ressaltam é o quanto a animação se faz bonita, não apenas por suas cores vibrantes, personagens encantadores, atmosfera que lava a alma e músicas que parecem como canções de ninar, mas por respeitar o propósito que acima de tudo a torna verídica.

“Perlimps” chega dia 9 de fevereiro nos cinemas.

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