Crítica | “Duna: Parte Dois” ganha mais ação e emoção em continuação épica

Com ritmo frenético e ação do começo ao fim, “Duna 2” chega aos cinemas com trama eletrizante.


Muito se fala e se questiona sobre continuações. Há apostas intermináveis de que um segundo filme nunca chega aos pés do primeiro — e mesmo no caso de Duna (em que os filmes são adaptações de livros já pensados em diversos volumes), há um certo ceticismo no poder dessa sequência.

Se o primeiro filme prometeu um épico e dividiu opiniões, é natural que seu sucessor chegue provocando curiosidade e algumas dúvidas. No filme de 2021, o universo foi apresentado com ritmo questionável: suas duas horas e meia de paisagens desérticas e futuristas são introdutórias e consideradas por muitos monótona. Há também pouco protagonismo de Zendaya, uma das atrizes mais queridas pelo público atual, e um encerramento que deixa muitas perguntas no ar e uma sensação de não completude que incomodou muitos espectadores.

Agora, com sua “Parte 2”, entendemos a promessa do épico de Denis Villeneuve: É aqui que a trama encontra a ação, emoção e profundidade prometidas. Com 15 minutos a mais do que o longa anterior, dessa vez não temos a sensação arrastada que o deserto trouxe no primeiro filme — muito pelo contrário, o ritmo é tão acelerado que quase faz parecer que já vimos vários filmes em um só.

Buscando vingança contra os conspiradores que mataram sua família e seu povo, Paul Atreides (interpretado por Timothée Chalamet) se une aos Fremen e aprende mais sobre o povo do deserto, enquanto se desenvolve física e emocionalmente e tenta entender seu futuro entre premonições, profecias e seu amor por Chani, interpretada por Zendaya.

Mesmo com um elenco maior, todos os atores aproveitam bem seus respectivos tempos de tela e brilham em seu papel: Rebecca Ferguson dá um aprofundamento importante em seu personagem, que se torna ainda mais místico, misterioso e quase sombrio, enquanto Javier Bardem interpreta Stilgar: trazendo um pouco de leveza para a trama com um personagem extremamente carismático.

Austin Butler chega como uma das melhores adições ao elenco e dá vida ao eletrizante e assustador guerreiro Feyd-Rautha, somando com um magnetismo inebriante em todas as suas cenas. A já conhecida Zendaya brilha em seu papel, finalmente com mais destaque e importância na trama, cenas de ação bem executadas e nuances dramáticas e românticas que agora abrilhantam a tela.

Por fim, Florence Pugh e Léa Seydux encantam e arrepiam em seus respectivos papéis: mesmo com propostas mais contidas, ambas desempenham com primor e tornam a trama mais intrincada, sensível e hipnotizante.

Com excelência também nos aspectos técnicos, o design de produção e som, direção de elenco e arte, trilha sonora e fotografia chamam atenção, principalmente se vistos em uma sala IMAX. Com todos esses ingredientes somados, o longa se apresenta de fato como o épico prometido, com uma narrativa bem desenvolvida e acertada.

Ao final da exibição fica claro que a produção tem tudo para envelhecer muito bem, se consolidando como um marco no cinema moderno e um clássico instantâneo, preenchendo a lacuna de filmes tão grandiosos e magníficos desse porte, que quase sempre terminam arruinados por efeitos visuais ruins ou por uma trama insatisfatória.

Finalmente, Duna 2 apresenta tudo.

97/100

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