Os 50 melhores álbuns de 2024

A inovação não foi apenas sonora, mas também teve uma cor para chamar de sua

A melhor definição para a música em 2024 certamente é: inovação e memória. Seja com os lançamentos de artistas consagrados da música pop em novas roupagens, eras e gêneros, até a chegada de artistas, até então, mais nichados para os disputados charts. Para relembrar esses grandes momentos do último ano, o esc traz a lista de melhores álbuns do ano — internacionais e brasileiros. 

A inovação não foi apenas sonora, mas também teve uma cor para chamar de sua. Chegando despretensiosamente e conquistando lugares novos, a hex #B4DD1E, conhecida popularmente pelo apelido de “verde brat”, representou com maestria a volta das pistas de dança ainda mais fervorosas com o estilo de vida clubber, sem perder em composição. 

Mas não foi apenas para quem gosta dos clássicos clubbers que a indústria musical trouxe novidades. Músicas calmas, misturando R&B, Rap e Jazz tiveram seu espaço garantido em muitas retrospectivas do ano. Além disso, não podemos esquecer das divas que enchem estádios com fãs que, a cada lançamento, inundaram as redes sociais, decupando cada detalhe, cada referência e cada acorde ali representado.

O ano de 2024 foi repleto de dinamismo musical, algo que a música contemporânea vem buscando há um tempo. O pop foi country, que por sua vez foi clubber, e também indie, por que não? Tudo isso de forma autêntica, enchendo lugares com perspectivas novas e colaborações vivas. 

Agora, veja a lista completa dos 50 melhores álbuns do ano escolhidos pelo esc:

50. FINNEAS, “For Cryin’ Out Loud!”

Em seu novo álbum, “For Cryin’ Out Loud!”, FINNEAS faz a maioria das faixas girar em torno do amor com abordagens mais leves e positivas — talvez demonstrando mais conforto e confiança com seu próprio trabalho.

O álbum convida os ouvintes a um espaço onde as confissões informais são bem-vindas. Apesar de sua mensagem ser expressa por rimas simples, FINNEAS destaca a vulnerabilidade como elemento central – os sentimentos podem não estar totalmente lapidados, mas são tudo o que ele tem a oferecer no momento.

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49. Lady Gaga, “Harlequin”

Inspirada pelo universo cinemático de “Joker – Delírio a Dois”, Lady Gaga reimagina clássicos pela mente de Harleen ‘Lee’ Quinzel. Com 13 faixas, sendo 11 covers e 2 canções originais, a sonoridade pode assustar quem espera um som mais grunge ou obscuro como a estética do álbum: em termos musicais, esse disco se assemelha muito mais à “Love For Sale”, de jazz, do que com “Chromatica”, seu último disco pop.

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48. Gossip, “Real Power”

“Real Power” é uma reafirmação do legado do Gossip, trazendo uma sonoridade madura que mistura nostalgia e novos elementos. Embora o álbum evite grandes inovações, ele oferece momentos de vigor. A banda, com sua combinação de experiências pessoais e o contexto sociopolítico atual, ainda tem muito a dizer, mas a sensação que fica é de que poderiam ter sido mais ousados. 

Ainda assim, Real Power é uma escuta sólida para os fãs de longa data e para aqueles que buscam um vislumbre do que o trio pode oferecer em sua fase mais introspectiva.

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47. Vampire Weekend, “Only God Was Above Us”

Texto complementar por Eduardo Silva

A competência que se revela quando um projeto musical é colocado pelo ouvinte para tocar em certo momento do dia (especificamente isso) diz muito o que a banda indie Vampire Weeknd evoca com o “Only God Was Above Us”. Ao mesmo tempo, é como ter em seus braços a nostalgia de momentos da vida e transformar em algo bravamente novo.

É surreal como o quinto disco dos meninos é barulhento e distorcido, mas ainda assim capaz de trazer a tona uma ternura indispensável para ter-se consigo em qualquer estágio no belo ato de ser humano. É um disco cheio de provocações internas para o externo – que aqui é tido como bonito de viver-se, independente se essa sensação vem dos temas líricos ou da atmosfera. Vale ter olhos especiais para a brutal “Mary Boone”, canção cheia de vida. 

46. Daparte, “Baterias de Emergência”

Com mais de 10 anos de estrada, é agora, em Baterias de Emergência, que o quinteto parece mais afinado e em sintonia do que nunca. Em contrapartida, está como pano de fundo a juventude de seus integrantes, escancarada diante dos dilemas e conflitos da vida jovem-adulta que atravessam a obra. Tem seus dias de pessimismo, como em “Notas Sobre o Mau Humor”, mas essa seria uma definição rasa para o que a Daparte tem a dizer. 

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45. Clairo, “Charm”

A junção única entre Clairo e Leon Michels nos presenteia um álbum lindo e coeso na discografia de Clairo, respeitando suas preferências de vocalização ao mesmo tempo que divertido em um instrumental indie-folk-jazz, e se a cantora quiser lançar versões suite, assim como Faye Webster fez há dois anos atrás, nós ficaremos muito gratos.

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44. Orville Peck, “Stampede: Vol. 1”

Ser um artista country e começar um álbum sobre amor entre dois homens não é algo tão comum, ainda mais junto de uma lenda do gênero musical. Foi o que Daniel Pitout, ou Orville Peck, como é conhecido artisticamente fez em Stampede

Com o registro, Orvile Peck prova sua versatilidade artística por colaborar com diversos artistas dos mais variados estilos musicais e ainda ter produzido a maioria das músicas, evoluindo sua técnicas de produção e também, formatos líricos.

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43. Fresno, “Eu Nunca Fui Embora” (Parte 1 e 2)

Durante mais de duas décadas de carreira, a Fresno sempre se mostrou aberta a reinvenções. Com “Eu Nunca Fui Embora” completo, Fresno reafirma sua relevância ao adaptar sua sonoridade e suas letras às mudanças do cenário musical sem perder a essência emocional e melódica que sempre marcou sua identidade. Os álbuns dialogam com os sentimentos nostálgicos do público que acompanha a banda desde os anos 2000, mas também conquistam novos ouvintes com a estética contemporânea que permeia suas faixas.

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42. Dua Lipa, “Radical Optimism”

Assim como na carreira da artista, o álbum não derrapa: todo momento é tão bem produzido que parece impensável uma mente apta para tal tarefa de forma tão brilhante. Ouvir o “Radical Optimism” é se deixar embalar por uma artista no controle de sua narrativa, de sua artisticidade e de sua jornada. É como aceitar o convite de Dua Lipa para uma festa que soa sim, arriscada, mas que te traz sentimentos inéditos e lembranças inesquecíveis.

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41. Torvelim, “Do Meio Pra Baixo” 

A expansão criativa de Torvelim está na identidade forte: um dia, uma banda em Brusque, Santa Catarina, foi algo para hoje eles pudessem ser quem são hoje. Conexão que, em tempos de proximidade digital com todos os artistas, movimentos e possíveis referências do mundo ao alcance da mão, lembra sobre o porquê de se virar para o quintal de casa, para o palco de jovens cheios de expectativas em busca de falar e criar com base na própria realidade. 

Está também nas composições de Do Meio Pra Baixo, que apostam muito mais nas palavras honestas, no tédio sincero e na manifestação abstrata da melancolia do que em composições polidas e, portanto, podadas. 

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40. Challengers Ost (Trent Reznor & Atticus Ross)

É sempre importante a forma que a música se desenrola para com o visual —ou vice versa; quase como instinto, o espectador é fisgado pelo o que é visto em imagem, e automaticamente, é o som que acentua essa função de atenção. Em 2024, isso chegou num outro nível com a trilha sonora de “Rivais”, feita por Trent Reznor e Atticus Ross, dupla à frente do Nine Inch Nails. 

Na realidade, a questão aqui é outra: o energético compilado de músicas feitas especialmente para o filme de Luca Guadagnino vai tão longe que é quase como se um artista só lançasse um projeto não-particular para uma obra. Em diferentes posições, mas com o groove sempre em repetição, o disco acentua o eurodance dos anos 90 tanto dentro do longa quanto fora. Vale também mencionar a versão remixada pelo produtor Boyz Noize, que é exacerbadamente ainda mais estilosa e divertida.

Muito além de intensificar as cenas do glorioso trio e glorificar o tênis via sensações sensuais e extremamente eróticas, a trilha ganha ritmo e texturas próprias para ser consumida totalmente a parte do insano filme de Luca Guadagnino.

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39. Empress Of, “For Your Consideration”

A belíssima capa de “For Your Consideration” lança ao horizonte a estrela Empress Of em seu quarto álbum como quem é acompanhado com elegância pelo brilho alto de um astro, sem se ofuscar pela intensidade do spotlight que é colocado. O quarto registro de estúdio da americana parece ser a obra perfeita para fazer os interessados considerarem se adentrar numa verbalização e imaginação musical, no mínimo, icônica, dançante e bem feita.

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38. Amyl and The Sniffers, “Cartoon Darkness”

Embora a banda aparente ter dado um passo em direção a uma sonoridade mais complexa e uma reflexão mais aprofundada sobre o mundo contemporâneo, “Cartoon Darkness” jamais perde seu espírito provocador e energético. 

O disco é uma evolução bem vinda para Amyl and The Sniffers, quarteto que não tem medo de arriscar e questionar as convenções do punk, enquanto mantém uma autenticidade que cativa e ressoa com seu público. 

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37. Awolnation, “The Phantom Five”

The Phantom Five é um trabalho que, apesar de suas variações, mantém a essência que fez do Awolnation uma banda tão amada. Se este for realmente o último álbum, ele deixa os fãs com um sentimento de completude, como se cada nota e cada verso tivessem sido cuidadosamente planejados para oferecer uma despedida à altura.

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36. Pabllo Vittar, “Batidão Tropical Vol. 2”

Como um grande giro por um tipo de Brasil musical que fez parte de uma parcela gigantesca do leque de muitos fãs da Pabllo Vittar, as músicas do sexto álbum da artista se intermedeiam com bastante sagacidade. E é puramente nessa construção entre uma música e outra que a gente sente o calor técnico e, ao mesmo tempo, a vibração do porquê esse projeto existir.

Tudo dentro do “Batidão Tropical Vol. 2” parece esquentar um plano que apenas a artista poderia ter entregue. Em níveis de densidade, o segundo volume do projeto não proporciona totalmente a mesma experiência notória do primeiro, mas definitivamente não coloca a perder o que a proposta busca intencionar.

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35. Bebé, “SALVE-SE!”

Texto complementar por Eduardo Silva

Em um ano de grande impacto para se encarar o quão um artista brasileiro pode voar alto, explorar do funk ao trap em um álbum bem-arrumado é algo a ser considerado mérito (ou dom). “SALVA-SE!”, segundo disco de Bebé, chegou torneado dessa responsabilidade: a de ganhar triunfo por ser o dom.

As letras, cruas e belas, são engolidas por um tipo de composição técnica mágica, vezes eletrônica, vezes experimental (opções essas que quando combinadas funcionam com ímpeto); o resultado é cabível a ser reconhecido como uma das melhores obras de todo o ano.

Assim como o flow recitado com agilidade, mas ainda respirando por um cuidado vocal elegante, em “Fiquei de cara”, o registro parece e é inédito do começo ao fim. Da mesma forma que soa como instantâneo, não apenas pela duração (que se esvai por completo numa digestão de menos de 30 minutos), Bebé se coloca numa posição excelente para o que o pop brasileiro contemporâneo pode ser.

34. Halsey, “The Great Impersonator”

The Great Impersonator faz jus ao seu título (“O Grande Imitador” em tradução livre), refletindo não apenas as referências aos artistas que Halsey ‘imita’ ao longo das 18 faixas, mas também a alusão à própria Ashley, que constantemente ‘finge’ ser Halsey.

Em síntese, The Great Impersonator é um pastiche que não tenta se definir sonoramente. Halsey se permite experimentar todos os sons que a cercam e a inspiram, afinal, o álbum foi feito do ponto de vista de alguém que trabalhava em seu último projeto em vida.

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33. Michael Kiwanuka, “Small Changes”

Quem conhece, mesmo que minimamente a discografia de Michael Kiwanuka, ao ouvir os primeiros minutos do seu quarto disco Small Changes, já percebe que o título é mero eufemismo. Mas a escolha pela sutileza e introspecção tem seu preço. Pelos seus arranjos bastantes homogêneos, a obra se coloca em um platô que por vezes soa conformista. Definitivamente é um álbum que só funciona se escutado de cabo a rabo e, se possível, imaginado como uma jam de 40 minutos – que deve ter sido a intenção inicial de Kiwanuka também. 

O projeto fica com a sensação de que falta algo, seja um solo de guitarra extremamente sensual, um coro com aspecto de igreja gospel ou um conjunto de cordas propositalmente melodramático, porém, o talento de Kiwanuka consegue contornar tal lacuna e também é bastante certeiro no convite de desacelerar o ouvinte para preencher seu interior, antes de procurar a completude no mundo externo.

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32. Childish Gambino, “Bando Stone and the New World”

O álbum, que conta com 17 faixas, traz Gambino em um tom mais experimental, explorando uma mistura de gêneros musicais que vão do eletro-pop, R&B, jazz, rap e rock. Com altos e baixos na mesma medida, “Bando Stone and the New World” talvez funcionasse melhor se tivesse sido lançado junto com o longa-metragem prometido por Glover — onde sua principal e mais ambiciosa característica causaria menos estranheza e desconexão. 

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31. Anavitória, “Esquinas”

Há algo profundo e poético, quase cinematográfico, na ideia de “dobrar uma esquina” e no que essa ação carrega em sua multiplicidade de possibilidades. Ao longo de uma década de carreira, Anavitória tem dobrado inúmeras delas: cada curva, uma reinvenção; cada desvio, um universo de experimentações, surpreendendo até mesmo seus fãs mais antigos.

Embora o álbum apresente momentos em que se aproximam de zonas mais repetitivas e previsíveis de sua carreira, ele também entrega faixas primorosas, onde o esmero da produção e a busca por novos territórios criativos brilham. Com Esquinas, Anavitória reafirma sua capacidade de crescimento, ao mesmo tempo em que convida seus fãs e admiradores acompanharem esse processo de amadurecimento. Ainda que nem todas as decisões sejam infalíveis, o álbum é um marco significativo na jornada da dupla, um ponto de reflexão e um convite a seguir adiante; talvez sem todas as respostas, mas com uma perspectiva renovada.

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30. Tuyo, “Paisagem”

Texto complementar por Douglas Araújo

Um contraste entre a melancolia de uma festa que chega ao fim e o sentimento de renovação de uma praia. “Paisagem”, o último álbum lançado por Tuyo, banda brasileira que passeia por gêneros como folk pop, house e afro pop, explora o que há de melhor nas vertentes do pop em seu novo projeto: sintetizadores e beats eletrônicos fundidos com a melódica voz das irmãs Lio e Lay Soares e um lírico afiado com foco nos sentimentos.

Um dos destaques da obra é sua produção magistral, que, talvez nas mãos erradas, poderia ter sido desastrosa. Mas aqui, provou-se que, quando o artista tem afinidade com sua verdade artística, tudo pode se tornar ouro, como exemplifica a deliciosa abertura “Devagar”. Além disso, as composições são outro ponto fortíssimo (como de costume para a banda, que sempre apresentou uma lírica consistente), tratando de assuntos mais íntimos, com uma força evidente nas palavras escolhidas para retratar situações da vida, como superação, recomeço e amores. 

“Paisagem” é uma carta de amor para todos que possam estar passando por alguma dor na vida, mas que, no final, aprenderam a dançar com o tempo as suas dores.

29. Linkin Park, “From Zero”

Após sete anos sem produzir algo novo, o Linkin Park voltou a ser sucesso mundial com o lançamento do novo álbum, From Zero. O trabalho apresenta uma variedade sonora impressionante. 

É impossível falar do retorno do Linkin Park sem citar a nova vocalista, Emily Armstrong. Em teve um papel de muita responsabilidade em honrar o legado de Chester Bennington, que foi, sem dúvidas, uma das maiores vozes da história do rock. E essa responsabilidade é, definitivamente, cumprida com sucesso em From Zero. 

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28. beabadoobee, “This Is How Tomorrow Moves”

Dê uma mordida — ou, em inglês, ‘Take A Bite’ — é com um convite confiante (e tão diferente da persona artística que vimos até agora) que a cantora filipina-britânica beabadoobee dá o pontapé em seu terceiro álbum de estúdio, ‘This Is How Tomorrow Moves’. 

Quase que um diário deixado aberto, o disco traz um lado mais cru e que firma a identidade de Beatrice Kristi Ilejay Laus como uma compositora que retrata as aflições de uma geração — que, junto com ela, está crescendo além da adolescência.

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27. Tyla, “TYLA”

Comentar sobre o domínio do gênero amapiano (composto por linhas de sintetizadores de junções do deep house, jazz e lounge music) pelas mãos de Tyla em seu autointitulado álbum de estreia é, diga-se de passagem, notório, tendo em vista como a execução aqui é contagiante; mesmo que pareça repetitiva — não pelo extenso uso, mas sim pela noção de que algumas faixas a menos faria o projeto respirar diferente.

Indo muito além, o trajeto que Tyla percorre em seu primeiro álbum é mais que digno de uma artista completamente dentro de sua própria forma de conceber arte. Ela parece ter extremo domínio do que é colocado na pista e ainda de tudo aquilo que gira em torno de si ao mostrar sua voz para o mundo.

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26. KAYTRANADA, “Timeless”

O que faz um set de DJ ser um set de DJ é o som ter um pouco de tudo para todo mundo — e essa experiência KAYTRANADA, ou Louis Kevin Celestin, simula com maestria em seus discos.

“TIMELESS” prova, sim, que o artista aperfeiçoou sua produção. São músicas que ainda demonstram um talento em criar sequências criativas, como um R&B marcante, uma batida chiclete ou uma música ideal para ouvir de plano de fundo. 

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25. The Last Dinner Party, “Prelude to Ecstasy”

The Last Dinner Party irrompe na cena musical com seu álbum de estreia, “Prelude to Ecstasy”: uma obra tão rica em sonoridade e referências culturais que desafia qualquer categorização simplista. 

Há quem diga que já foi feito antes. Besteira. Houve quem tentou, mas foram elas que acertaram em cheio. Este é, sem dúvida, um dos álbuns mais marcantes do ano, e pavimenta o início de uma carreira que promete ser igualmente fascinante.

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24. Flo, “Access All Areas”

O debut chega cinco anos pós “Cardboard Box”, um dos hits mais marcantes daquele ano. Intitulado Access All Areas, em 16 faixas —e mais 5 na versão UNLOCKED— o disco nos apresenta quem são Stella, Jorja e Renée, as três brilhantes vozes por trás desse belo projeto de R&B.

Mesmo que “Access All Areas” não seja um trabalho exatamente impecável, FLO entrega um disco assertivo e desenvolto, que bebe de referências lapidadas e mistura, sem medo, diversas das principais qualidades das três integrantes.

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23. Fontaines D.C., “Romance”

Em “Romance”, disco lançado em agosto deste ano, a roupagem de Fontaines encontra novos ares. Um som mais puxado para o pop e temas que vagueiam por experiências em  relacionamentos românticos e amizades, e percepções autocentradas são alguns dos aspectos que norteiam a obra, acompanhada de clipes surrealistas e escolhas estéticas que são o toque final para trazer coesão a conceitos abstratos.

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22. Kacey Musgraves, “Deeper Well”

Kacey Musgraves está abandonando velhos hábitos, se desfazendo de galhos mortos e conhecendo seu lado ainda mais introspectivo. Seu novo álbum, “Deeper Well“, lançado em março de 2024, é a extensão perfeita de seus últimos lançamentos.

“Deeper Well” não é um retorno sutilmente caótico. É um momento de reflexão silencioso, uma oportunidade para Musgraves processar o tumulto recente e traçar novos rumos.

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Texto

21. Sabrina Carpenter, “SHORT N’ SWEET”

Há uma grande perspectiva de mais sucesso para o que Sabrina Carpenter pode colocar nos palcos pós esse álbum, entretanto, o que acontece aqui já é enorme o suficiente para distanciá-la das irregularidades atuais que não se permitem ir longe o suficiente para chegar num patamar muito próprio.

“SHORT N’ SWEET” amplia uma aura digníssima de fazer com que o mundo reconheça a artista como uma nova força para se inspirar, ficar obcecado e positivamente, consumi-la sem respaldo algum.

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20. The Cure, “Songs of a Lost World”

Com “Songs of a Lost World”, Smith apresenta um “compilado de músicas para um mundo perdido”, tema recorrente em sua obra e que remete aos álbuns Pornography (1982) e “Disintegration” (1989), que exploram tanto sonora quanto conceitualmente a melancolia e a reflexão sobre a decadência do mundo ao seu redor.

Em “Songs of a Lost World”, o The Cure não apenas revisita seu legado, mas também acrescenta uma nova camada de complexidade emocional, refletindo um tempo de incertezas, de nostalgia e, ao mesmo tempo, de esperança frágil em meio à desilusão.

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19. St. Vincent, “ALL BORN SCREAMING”

St. Vincent já provou ser uma artista versátil e inovadora, mas continua a surpreender. Seja com a persona ousada e rock’n’roll de Masseduction (2017) ou o tom mais introspectivo de Actor (2009), Annie Clark demonstra um domínio impressionante ao transitar entre diferentes gêneros musicais, algo que reafirma em seu mais recente trabalho, All Born Screaming

O álbum apresenta um equilíbrio notável entre a experimentação de suas primeiras obras e a busca por uma sonoridade mais acessível, característica marcante de seu trabalho anterior. Em All Born Screaming, Clark entrega uma fusão fascinante de elementos contrastantes, alternando entre momentos delicados e introspectivos e explosões intensas, criando uma experiência auditiva rica e multifacetada.

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18. Anitta, “Funk Generation”

“Funk Generation” é o seu projeto com mais compromisso, onde o empenho em tornar tudo coeso e com coligações entre si resiste. Sem contar que é possível encarar o disco como um terreno de estudo insano para o que ela pode fazer daqui em diante.

Se boa parte desse álbum mostra como Anitta reagirá agora e no futuro, estamos em uma boa jornada. Na totalidade, o mais importante é enxergar como a música de Anitta será vista daqui a um tempo após um lançamento que diz muito sobre quem ela é e quem pode se tornar.

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17. Nathy Peluso, “GRASA”

“Esta ambición me está matando” é a primeira linha de “CORLEONE”, canção que abre GRASA, segundo álbum de estúdio da cantora argentina Nathy Peluso. E descreve bem o trabalho.

O salto de GRASA conversa com o lado da moeda que fala de carreira e a série de acontecimentos entre um álbum e outro (e os milhares de trabalhos lançados nesse meio tempo) que hoje a colocam como um grande nome da nova música argentina, do pop e como uma hitmaker com um ótimo dedo para parcerias grandiosas, desde o produtor Bizzarap ao cantor C. Tangana.

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16. Nilüfer Yanya, “My Method Actor”

Texto complementar por Eduardo Silva

O rock alternativo mais requintado de 2024 tem nome: Nilüfer Yanya. A britânica colocou no mundo seu terceiro álbum em setembro e vendo agora tudo que temos na música no ano, é fato, o disco é nitidamente rico em tudo que se propõe a executar.

Por vias de guitarras acústicas e elétricas, percussão minimalista e sintetizadores sutis, o projeto é introspectivo ao ponto de ser atordoante. Mas ainda é impressionante notar o talento para soltar um trabalho como esse nas ruas e fazer praticamente todos os ouvintes terem uma única noção: a brilhante consistência que passa no meio de onze faixas.

15. The Marias, “SUBMARINE”

14. Duda Beat, “Tara e Tal”

“Tara e Tal” marca um momento de profunda evolução na carreira musical de Duda Beat. Neste álbum, a artista pernambucana mergulha em um oceano de sentimentos e experiências, distanciando-se, ao menos um pouco, dos álbuns antecessores.

O terceiro projeto de Duda é um álbum que celebra a diversidade de gêneros musicais e que comprova a intenção da musicista de expandir seu leque para além do confortável, o conhecido pelo público cativo, aproveitando ainda para elevar a régua de suas apresentações ao vivo e seus projetos futuros.

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13. Doechii, “Alligator Bites Never Heal”

Seu investimento em sua carreira garantiu três indicações ao Grammy: Artista revelação, melhor performance de rap por Nissan Altima e melhor disco de rap com o álbum aqui apresentado, Alligator Bites Never Heal.

Considerando seu tempo em atividade e que seu lançamento mais recente é o primeiro álbum de sua discografia, percebe-se que Doechii não veio para brincar. Bem como seu impacto sonoro, o contexto de seu álbum de “estreia” solidifica a posição de Doechii como uma artista disruptiva na indústria. 

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12. Ariana Grande, “eternal sunshine”

Ariana Grande tem buscado evidenciar cada vez mais o controle na criação, produção e direção de seus trabalhos. Agora, em seu sétimo álbum de estúdio — sendo todos lançados em menos de 10 anos — e apostando cada vez mais na produção vocal das canções, percebemos uma simplicidade proposital e uma calmaria calculada. O álbum se despede dos vocais supersônicos e instrumentais megalomaníacos: a beleza está nos detalhes — nas sutilezas.

O conciso “eternal sunshine” se firma como um dos trabalhos mais sólidos da carreira da artista, capaz de não apenas trazer mais sucessos comerciais para a cantora, mas também de estabelecer sua imagem, mensagem e artisticidade brilhantes.

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11. Magdalena Bay, “Imaginal Disk”

Magdalena Bay, dupla composta por Mica Tenenbaum e Matthew Lewin, criou uma identidade distinta no universo da música, tanto na sonoridade, quanto em sua apresentação visual.

Imaginal Disk é uma jornada de imersão, tanto auditiva quanto conceitual, abraçando o surreal e o sereno. Ele empurra os atuais limites da música pop enquanto reflete sobre as complexidades digitais e emocionais da vida moderna. À medida que Magdalena Bay continua a explorar novos estilos e temáticas, o duo consolida seu lugar como inovadores no gênero, deixando nós, ouvintes, ainda mais ansiosos pelo que está por vir.

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10. Rachel Chinouriri, “What A Devastating Turn of Events”

Rachel Chinouriri emergiu na cena indie britânica com um vigor emocional e criativo, trazendo à tona uma mistura única de indie pop, soul, R&B e uma boa dose de vulnerabilidade lírica. Mas, foi só em seu segundo disco “What a Devastating Turn of Events”, que Chinouriri transitou por uma montanha-russa de emoções, entregando um novo trabalho que equilibra fragilidade, força e redenção.

O equilíbrio entre o indie pop vibrante e as baladas introspectivas faz com que o ouvinte transite por um mar de sentimentos, tornando o disco uma experiência imersamente envolvente.

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9. Jamie xx, “In Waves”

Enquanto a The xx não volta, os fãs da banda conseguem se contentar com uma extrema qualidade que se dá pelos papéis solos dos membros. Em ordem de eventos: Oliver Sim mostrou seu confessional projeto em uma ode ao cinema do horror; Romy fez uma passagem absurda pelo Brasil; e agora, Jamie xx retorna com um 2º lindo disco super móvel.

No meio e no fim, “In Waves” cria vibrações eletrônicas próprias que se conectam ferozmente bem por ligações nervosas capazes de fazer o ouvinte provar de uma dose alta de uma obra capaz de evocar muito na pista de dança; seja ela qual for.

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8. Fabiana Palladino, “Fabiana Palladino”

Texto complementar por Luis Hora

O que Fabiana Palladino conseguiu com seu primeiro disco foi criar uma atmosfera tão rica que ouvi-lo é como se imaginar desfrutando dos maiores luxos e prazeres que a vida pode oferecer. A sensação de pertencer a um clube exclusivo ou de estar em um lugar reservado para poucos ecoa na sonoridade que a cantora definiu para seu projeto. É claro que essas interpretações são fantasiosas e servem apenas para pintar um quadro das situações em que a música da artista pode estar presente. 

Contudo, quando se coloca os pés no chão, percebe-se que “Fabiana Palladino” é um disco que não se apoia em seleções superficiais, mas em mostrar como um primeiro trabalho oficial pode carregar um carimbo de personalidade gigantesco. Há suavidade na forma como ela canta, mas as produções são intensas, fazendo com que cada mínimo detalhe do instrumental seja capaz de arrebatar quem está ouvindo. Fabiana Palladino está conectada à música desde seu nascimento e, por vir de uma família de músicos, é evidente o quanto ela demonstra ter tomado as rédeas de sua carreira desde o início, provando que sua elegância também é técnica. O primeiro disco de sua carreira é um dos melhores debuts do ano e, se logo na estreia ela já foi capaz de trazer uma direção sonora hipnótica, o anseio por descobrir o que ela poderá criar no futuro é avassalador.

7. Milton Nascimento e Esperanza Spalding, “Milton + esperanza” 95

Lançado em agosto deste ano, o álbum “Milton + Esperanza”, de Milton Nascimento e da contrabaixista e compositora de jazz Esperanza Spalding, destaca não apenas mais uma das várias amizades internacionais de Milton, mas também simboliza uma despedida calorosa de sua histórica carreira musical. 

Aposentado dos palcos e nitidamente debilitado por conta da idade, ele mencionou que este pode ser seu último trabalho, tornando a colaboração com Esperanza uma celebração de ternura e quase onírica.

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6. Tyler, The Creator, “CHROMAKOPIA”

Enquanto o personagem da vez de Tyler, The Creator parece ser o que estampa a capa do lançamento “CHROMAKOPIA” — um eu mascarado, monocromático e apelidado de ‘Saint Chroma’ —, o oitavo álbum de estúdio do artista revela que, desta vez, a narrativa não é cantada apenas pelo seu alter ego.

Mais do que nunca, ele tira a própria máscara e se permite ser maduro diante da audiência que o acompanha desde os experimentos da adolescência. A diversão — e a luz — desta vez vem disso. 

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5. Beyoncé, “COWBOY CARTER”

Há cerca de dez anos, Beyoncé e inovação têm caminhado lado a lado. Desde o período entre os álbuns ‘4′ e ‘Beyoncé‘, não se pode negar que a cantora não é levada a um estúdio senão para dar um passo adiante, para ser surpreendente ou para embarcar em uma jornada de autoconhecimento musical. 

Após um impacto profundo com “Renaissance“, álbum que a fez resgatar sonoridades e se provar também como uma potência na música eletrônica, o que mais poderia ser feito por Beyoncé? “COWBOY CARTER” é uma forma completamente particular para a cantora brincar com sua visão para a música country, fazendo questão de ir além apenas de algumas batidas adicionais nas produções. A artista esbanja criatividade em sua visão country com o ATO II, mas deixa claro que a sonoridade que segue pertence apenas a si mesma.

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4. Kendrick Lamar, “GNX”

É ótimo ver um artista completamente disposto a ir mais e mais longe. É ainda melhor encontrar isso numa figura já tida como suprema; sem medo algum de ver o que pode acontecer. Ao lançar de surpresa o “GNX“, Kendrick Lamar confirma com o material como é possível tornar da música uma força viva, destino esse sempre apadrinhado pela mutação de tons.

Considerando tudo que Kendrick já colocou nas pistas, encarar o rapper nesses “novos” tons, principalmente quanto a produção, só o evoca mais uma vez como um apurado artista que sabe onde se colocar. 

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3. Liniker, “CAJU”

Com uma mistura de ritmos, poesias, convidados e experimentações, o resultado do trabalho extenso é satisfatório e maduro o suficiente para a reestruturação de um ícone já consolidado. Se em “Índigo Borboleta Anil” Liniker cantava sobre “aprender a nadar”, os contornos de aclamação do disco pareceram afastar a artista do público geral, a colocando em um andar inalcançável da estante que poucas lendas da música ousam frequentar. 

Com “CAJU”, a artista premiada rejeita a distância: logo na faixa-título, que abre o trabalho, a poesia de Liniker se mescla com a vulnerabilidade da mesma, e com a força de Caju, o alter ego quente, solar e irresistível que vem para somar.

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2. Billie Eilish, “HIT ME HARD AND SOFT” 

Nadando contra a corrente de álbuns imensos e melodias insossas e intermináveis, o “conciso” álbum está longe de ser, no entanto, preguiçoso. Fugindo também das pílulas de TikTok com músicas de um ou dois minutos e repetições pensadas apenas em virais em potencial, encontramos canções bem estruturadas e que ultrapassam os 4 minutos — com três delas, passando dos 5. 

Em “HIT ME HARD AND SOFT” as sutilezas aterrizam em sucesso, e os momentos expansivos são tão marcantes que não apenas se encarregam de dar vida e direção a um disco tão bom, mas também de balançar as caixas de som e os demais produtores — que deveriam tomar notas em como é possível ser excelente nos mínimos detalhes e fazer jorrar arte, honestidade e musicalidade com identidade 

Leia a crítica

1. Charli xcx, “BRAT”

O ano foi verde, assim como o primeiro colocado desta lista.

Arrematou sucesso digital, reuniu multidões ao redor do mundo, foi trend, virou moda, e por fim, eternizou uma porção de cultura n a história. Os reflexos do excelente “how i’m feeling now” ressoam um pouco nesse seu 6º projeto de Charli xcx (e sem dúvida o melhor e maior) por entre as escolhas técnicas que amarram vorazmente os sentimentos de uma longa vívida noite no clube e, parte das consequências do tempo fora dele também.

Sintonizando no agora, a questão é que Charli traz 15 peças para nos fazer rebelar com o fresh de uma noite (ou um verão calorento) e o passe livre para curtir sem receios. De 0 a 100, a tracklist sequer questiona diminuir os batimentos e então, canções espetaculares como “Club classics”  e “Everything is romantic” nascem.

Leia a crítica

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